Comentário ao projecto Winnicott-Portugal

Sempre me interessei pelo pensamento de Winnicott, talvez pelo facto de ter começado a minha prática clínica com crianças integradas em contextos institucionais, privadas de um ambiente contentor, integrador e suficientemente afetivo na sua sustentabilidade. As experiências de privação motivaram-me a mergulhar em leituras sobre a importância das primeiras relações e o impacto destas na construção psicossomática do Ser Humano. Debato-me com alguns dos conceitos de Winnicott e surgem os primeiros rasgos de um enamoramento pela obra.

No decorrer da minha formação psicanalítica, num seminário lecionado pela Maria do Rosário Belo, na AP, contacto com mais profundidade com o autor e volto a sentir as campainhas do encantamento e ainda mais curiosidade em querer aprofundar a sua obra.

Em junho de 2019, ao participar no Congresso “O Terapeuta Winnicottiano”, realizado em Lisboa, assisto embevecida às apresentações de colegas portugueses e estrangeiros e adquiro algumas das suas obras traduzidas. Confesso que esta troca de experiências aguçou ainda mais a minha curiosidade, mas estava longe de imaginar que 3 anos mais tarde, estaria envolvida no “nascimento” deste projeto.

Sinto que Winnicott me cativou pela sua sensibilidade, pelo seu pensamento original e criativo na desconstrução do modelo clássico.

Em 2021, surge o Grupo de Estudos sobre o Pensamento de Winnicott e decido participar, achei oportuno e a experiência digital facilitadora na participação. A envolvência do grupo foi muito enriquecedora, exigiu muitas leituras, mas fomentou a partilha de conhecimentos e a troca de experiências clínicas. Afinal, é na cooperação que se fundam as raízes da saúde e foi esse movimento cooperativo e integrado, o colo que sustentou o nosso desejo de saber.

É neste seguimento que me vejo envolvida no nascimento do projeto Winnicott-Portugal! Sinto um misto de emoções! Alegria, entusiasmo, orgulho, mas sobretudo um privilégio tremendo em poder participar e continuar a aprender, trilhando caminho com outros colegas, na companhia da Maria do Rosário Belo, a quem agradeço a partilha do seu saber e toda a motivação que incute nos seus formandos, possibilitando-me viver esta experiência de amadurecimento e crescimento, como terapeuta e ser humano. Que satisfação sinto em poder participar na construção desta “Casa” com este grupo de colegas! Não há palavras que possam descrever este sentir…é sem dúvida um privilégio poder fazer parte deste movimento, que irá certamente, contribuir para a expansão do pensamento psicanalítico em Portugal. Ocorrem-me tantos desejos, mas sobretudo uma vontade imensa em aprender, colaborar e participar num projeto que pretende enriquecer ainda mais a Psicanálise! Bem-Haja!

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