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Maria do Rosário Belo

Psicanalista.

Presidente e Fundadora da Associação Winnicottiana Portuguesa – Centro de Investigação (CIWP).

Membro didata e fundador da Associação Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica (AP).

Membro e vice-presidente da International Winnicottian Association (IWA) e com formação Winnicottiana pelo Instituto Brasileiro de Psicanálise Winnicottiana (IBPW).

Formada em Psicologia Clínica pelo ISPA e em Psicanálise pela Sociedade Portuguesa de Psicanálise. Doutoranda em Filosofia na Universidade de Évora. 

Investigadora do pensamento de Donald Woods Winnicott e interessada pelas intercepções destes estudos com o pensamento de Heidegger.

Supervisora e formadora, é também autora de vários artigos com base na prática e na reflexão psicanalítica, e dos livros: “O Percurso de um Psicanalista”, editado pela Coisas de Ler em 2015 e reeditado em 2020 e “Estudos Winnicottianos”, publicado pela mesma editora em 2020. 

Pensar sobre e a partir da obra de Winnicott é ter a humildade de encontrar o profundo na simplicidade que vem da observação dos fenómenos. E porque o que é humano não se esgota e se apresenta sempre de formas múltiplas e diferentes, o simples torna-se complexo.

O perigo na leitura de uma obra como esta é ficar-se preso à ilusão da simplicidade e reduzir a complexidade da sua obra a chavões como “mãe suficientemente boa”, “objeto transacional”, etc. – sem dúvida, conceitos importantíssimos, mas frequentemente desvirtuados quando usados fora contexto do conhecimento alargado da obra. Uma coisa é pensar a partir das manifestações humanas que se apresentam, outra coisa é considerar simples o que é humano. 

Winnicott pensou a psicanálise a partir da pediatria e da observação de fenómenos. Sem quer, porque num primeiro momento não se deu conta – aliás considerou-se um freudiano – distancia-se dos conceitos da metapsicologia e construiu uma teoria que parte da observação do que acontece na saúde; ao contrário de Freud que parte da doença para explicar a saúde. 

Este é um ponto de partida radicalmente diferente do de Freud. Por isso, pôde dispensar os conceitos heurísticos de Freud, como “pulsão de morte”, por exemplo (para nomear um conceito tão explorado pelos autores pós-freudianos, como Melanie Klein e Bion, entre outros). Isto significa que, exatamente porque parte de um lugar radicalmente diferente, Winnicott redescreve a psicanálise, sem que faça qualquer esforço por isso. É por isso que se destaca completamente dos restantes autores do Middle Group, e, naturalmente, de todos os autores da tradição freudiana. Com ele temos um novo paradigma – como refere Loparic baseado nas concepções de Khun – e por isso uma forma radicalmente diferente de pensar o ser humano.

A obra de Winnicott está dispersa ao longo dos seus escritos, o que nos obriga a um trabalho adicional de compreensão dos conceitos em função do tempo cronológico e de amadurecimento do seu pensamento. Agradecemos a Elsa Oliveira Dias o excelente trabalho de organização e compreensão detalhada da teoria do amadurecimento, no seu livro “A teoria do amadurecimento de D. W. Winnicott”, que nos serve de excelente guia de estudo. 

Estudar Winnicott é uma tarefa inesgotável, pois de cada vez que lemos um texto da sua extensa obra, encontramos um pormenor que nos abre novos caminhos e novas formas de entender o mistério humano e a clínica psicanalítica. É isto que pretendemos com este espaço; que seja um espaço de investigação inesgotável da obra de Winnicott; de reflexão, de troca de ideias, de enriquecimento mútuo; de amadurecimento pessoal e científico; de estudo no interior das várias teorias psicanalíticas mas também de diálogo com outras disciplinas e com outras manifestações culturais.  Estamos abertos a propostas e sugestões. Sejam todos muito bem-vindos.

Maria do Rosário Belo