
Matateu
Há mais de meio século, na Amadora, subúrbio de Lisboa, viveu o Matateu. O Matateu era um “Bêbedo”, um “Pedinte”, um “Maluco”. Ainda não tinham sido inventados os “sem-abrigo”. E, a bem dizer, o Matateu tinha um abrigo, numa casa abandonada. Partilhava a casa com cinco ou seis cães. Dormiam juntos, no meio de um enorme monte de papeis e cartões, juntos. Saiam juntos deambulavam juntos. Partilhavam a comida que conseguiam. Algumas senhoras da vizinhança, “malucas dos gatos”, davam de comer aos gatos, aos cães, ao Matateu. Chegava para todos. Tinha que chegar. Eram uma Matilha e a Matilha sobrevive…